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Movimento estudantil sorocabano: além da Noite do Beijo

Possivelmente, a maior – ou ao menos a mais conhecida – manifestação de jovens de Sorocaba durante a ditadura militar tenha sido a “Noite do Beijo”, ocorrida em 7 de fevereiro de 1981, em protesto contra a portaria do juiz de direito Manoel Morales que proibia os namoros com beijos nas praças públicas.

Cerca de 5 mil jovens lotaram a Praça Coronel Fernando Prestes para se manifestar contra a medida. Como ainda vivíamos num regime ditatorial, o protesto terminou em conflito com a polícia militar. O evento associou-se à história do movimento estudantil, já que muitos dos jovens presentes eram estudantes.

Mas a participação dos estudantes sorocabanos em protestos durante a ditadura militar não se restringiu a esse episódio. Na onda das manifestações de 1968, os estudantes sorocabanos também estiveram presentes.

O ano foi conturbado e em maio ocorreram protestos estudantis na França. De acordo com o site Brasil Escola, “O maio de 1968 iniciou-se a partir das mobilizações realizadas por estudantes franceses na Universidade Paris, em Nanterre (região metropolitana de Paris). O fortalecimento do movimento estudantil na França (e no mundo) está diretamente relacionado com o aumento no ingresso de jovens na Universidade. Esse fenômeno tem relação com o desenvolvimento da Europa Ocidental no pós-guerra”.[1]

Logo diversas partes do mundo seriam incendiadas com essas mesmas ideias de liberdade. No Brasil, as capitais do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais tiveram as ruas tomadas pelos estudantes que exigiam liberdade e democracia, depois de quatro anos de regime militar.


Fonte: acervo Cruzeiro do Sul

Em Sorocaba, os estudantes da Faculdade de Medicina realizaram o “Dia do Protesto”, em 22 de outubro de 1968. Reunidos em assembleia durante a tarde, por volta das 18 horas saíram em passeata, juntamente com estudantes da Faculdade de Filosofia, distribuindo boletins e empunhando faixas nas quais estavam escritas: “Abaixo a ditadura, Viva a UNE” (União Nacional dos Estudantes).


Fonte: acervo Cruzeiro do Sul

Aglomerados na Praça Coronel Fernando Prestes, cerca de 300 estudantes desfilaram pelas ruas centrais, estourando rojões e gritando palavras de ordem contra a ditadura.

A manifestação se dispersou em frente ao Mercado Municipal, tendo os estudantes se misturado aos trabalhadores que saíam das fábricas têxteis. O Batalhão de Choque da Polícia Militar e a Guarda Civil foram acionados, mas, devido a estratégia dos estudantes e ao trânsito intenso da hora, não puderam efetuar prisões. Policiais à paisana circulavam entre os estudantes e pelas ruas, tentando impedir novas manifestações e passeatas.


Fonte: acervo Cruzeiro do Sul

Leve-se em consideração a intrepidez desses jovens sorocabanos, porquanto, dias antes, em 12 de outubro, mais de mil estudantes haviam sido presos por participarem do 30º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes) em um sítio na vizinha cidade de Ibiúna. No dia 16 de outubro, o jornal Cruzeiro do Sul noticiou que esses estudantes presos estavam fazendo greve de fome protestando contra as condições carcerárias do Presídio Tiradentes e das dependências do DOPS (Delegacia de Ordem Pública e Social). Dentre os presos estava o estudante sorocabano Osvaldo Francisco Noce, que anos depois viria a ser vereador da cidade.


Fonte: acervo Cruzeiro do Sul

Carlos Carvalho Cavalheiro

05.07.2021.


__________________________________________________________________________________ [1] Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/maio-1968.htm Acesso 05 jul 2021.

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